DOSSIÊ VATICANO: O RECONHECIMENTO DAS APARIÇÕES VENCEU POR 13 A 2

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vidioci 28.06.1981
As primeiras 7 aparições de Nossa Senhora na colina (foto acima) foram reconhecidas por 13 dos 15 membros da comissão de investigação do Vaticano.

Treze votos favoráveis ao reconhecimento da sobrenaturalidade das primeiras 7 aparições em Medjugorje, um voto contrário e um voto suspensivo. A maioria dos votos e muitas dúvidas sobre a continuação do fenômeno das aparições desde 1981 até hoje. Foi este o resultado final dos trabalhos da comissão que investigou Medjugorje instituida em 2010 por Bento XVI e presidida pelo Cardeal Camillo Ruini. Este documento foi citado por Papa Francisco no seu encontro com os jornalistas no voo de retorno a Roma vindo de Fátima, quando revelou a distinção entre as primeiras aparições e o fenômeno sucessivo e disse: “Uma comissão de experientes teólogos, bispos, cardeais. Valentes, Valentes, valentes. O relatório Ruini é muito bom.” O sinal que veio destas palavras do Pontífice, como foi percebido, é positivo com relação aos frutos espirituais e as conversões (“as pessoas que vão lá se convertem, as pessoas ali encontram Deus, mudam de vida”), mas com relação às atuais aparições: “Eu prefiro Nossa Senhora mãe, e não chefe de um serviço de correios, que todos os dias envia uma mensagem a tal hora”.

Uma comissão desejada por Bento XVI

Desde 17 de março de 2000 até 17 de janeiro de 2014, por vontade do Papa Bento XVI, foi instituída uma comissão presidida pelo Cardeal Camillo Ruini. Junto com ele, fizeram parte os cardeais Jozef Tomko, Vinko Puljić, Josip Bozanić, Julián Herranz, e Angelo Amato. Também com eles o psicanalista Tony Anatrella, os teólogos Pierangelo Sequeri, Franjo Topić, Mihály Szentmártoni e Nela Gašpar, o mariólogo  Salvatore Perrella, o antropólogo Achim Schütz, o psicólogo Mijo Nikić , o especialista em cânones David Jaeger, o relator da causa dos santos Zdzisław Józef Kijas e o oficial da doutrina da fé Krzysztof Nykiel. Tiveram a tarefa de “recolherem e examinarem todo o material” sobre Medjugorje e de apresentar uma “relação detalhada” com seu julgamento sobre “a sobrenaturalidade ou menos” das aparições e indicar as “soluções pastorais” mais oportunas. A comissão se reuniu 17 vezes, avaliou toda a documentação que está no Vaticano, na paróquia de Medjugorje e também nos arquivos do serviço secreto da ex-Iugoslávia. Escutou todos os videntes e testemunhas, e em abril de 2012 desenvolveu uma inspeção na própria cidadezinha de Medjugorje.

Julgamento positivo das primeiras aparições

A comissão constatou uma diferença clara entre o início do fenômeno e o seu sucessivo desenvolvimento. E assim decidiu expressar seus votos em duas fases distintas: as primeiras 7 presumidas aparições, entre 24 de junho e 3 de julho de 1981 e tudo aquilo que veio depois. os membros e peritos se exprimiram com 13 votos favoráveis ao reconhecimento da sobrenaturalidade das primeiras visões. Um membro votou contra e um perito deu um voto suspensivo. A comissão alega que as seis crianças videntes eram psicologicamente normais, ficaram surpresos com as aparições, e não tiveram nenhuma influência externa por parte dos franciscanos, da paróquia ou de outros. Eles confirmaram aquilo que tinham visto mesmo que a policia os tivessem detido e os ameaçado de morte. A comissão também descartou a hipótese de origem demoníaca das aparições.

As dúvidas sobre o desenvolvimento do fenômeno

No que diz respeito à segunda fase das aparições, a comissão levou em conta a pesada interferência devida ao conflito entre o Bispo Local e os franciscanos da paróquia, pelo fato das aparições, pré-anunciadas e pré-programadas pelos videntes individualmente, não mais em grupo, que foram sucedidas de mensagens repetitivas. Elas continuam, embora as crianças tivessem dito que teriam um fim, em realidade nunca aconteceu. O tema dos “segredos” de sabor apocalíptico que os videntes afirmam terem recebido durante as aparições.

Sobre esta segunda fase a comissão votou em duas fases A primeira levando em consideração os frutos espirituais de Medjugorje, mas deixando de lado o comportamento dos videntes. Aqui 3 membros e 3 peritos afirmam que os efeitos foram positivos, 4 membros e 3 peritos votaram que as aparições tiveram um efeito misto onde prevalecem os positivos e outros 3 membros afirmaram que os efeitos foram positivos e negativos.

Sobre o comportamento dos videntes, 8 membros e 4 peritos disseram que não podem emitir juízo, enquanto 2 membros votaram contra a sobrenaturalidade.

A solução pastoral

Depois de levarem em consideração que os videntes de Medjugorje não continuaram a formar mais um grupo, a comissão se pronunciou pelo fim da proibição das peregrinações organizadasa Medjugorje (13 votos a favor entre os 14 membros presentes) e votou por maioria pela criação em Medjugorje de uma “autoridade dependente da Santa Sé” e pela transformação da paróquia em santuário pontifício. Uma decisão tomada por “razões pastorais” – para cuidar dos milhões de peregrinos que chegam e evitar que se formem “igrejas paroquiais”, claramente por questões econômicas que não implicariam no reconhecimento da sobrenaturalidade das aparições.

As dúvidas da Doutrina da Fé

Delas falou Papa Francisco no avião. A Congregação para a Doutrina da Fé conduzida pelo Cardeal Gerhard Ludwig Müller exprimiu as suas dúvidas sobre o fenômeno e também sobre a relação com Ruini, considerado uma autoridade que contribuiu com outros pareceres e documentos. Em 2016 aconteceu uma «Feria IV», reunião mensal dos membros do dicastério, convocada para discutir o caso Medjugorje a relação com Ruini. Cada um dos cardeais e bispos presentes que são membros receberam o texto da comissão vaticana e também outros materiais que estão em poder da Congregação para a Doutrina da Fé. Durante a reunião foi pedido aos membros que dessem os seus pareceres. O Papa Francisco não querendo que o relatório Ruini fosse “a leilão”, estabeleceu que o parecer dos membros da “Feria IV” fossem enviados diretamente a ele. O que prontamente aconteceu.

A decisão de Papa Francisco

O Papa, depois de ter examinado o relatório Ruini e o parecer dos membros da Congregação para a Doutrina da Fé decidiu confiar ao Arcebispo polonês Henryk Hoser a missão de ser um “enviado especial da Santa Sé” para “tomar conhecimento mais aprofundado da situação pastoral” em Medjugorje e “sobretudo, das necessidades dos fiéis que chegam emperegrinação” para “sugerir eventuais iniciativas pastorais para o futuro”. No verão de 2017 publicará os resultados de seu trabalho e o Papa Francisco tomará a sua decisão.

Traduzido do italiano por Gabriel Paulino – Fundador do Portal Medjugorje Brasil – www.medjugorjebrasil.com.br

Matéria original: http://www.lastampa.it/2017/05/16/vaticaninsider/ita/vaticano/medjugorje-ecco-le-conclusioni-della-relazione-ruini-lt73Aw7zVMvKQWPzzWgVDL/pagina.html

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