PADRE GIANNI SGREVA: MEDJUGORJE E A IGREJA

Tempo de leitura: 12 minutos

medjugorjepovo

Na data de 11 de fevereiro de 2017, a Secretaria de Estado da Santa Sé comunicou a respeito de Medjugorje o que se segue:

“Na data de 11 de fevereiro de 2017 o Santo Padre encarregou o Monsenhor Henryck Hoser, Arcebispo de Varsóvia-Praga (Polônia) para tomar conta de Medjugorje como enviado especial da Santa Sé.

A missão será a de adquirir conhecimento mais aprofundado da situação pastoral daquela realidade e, sobretudo, das exigências dos fiéis que ali chegam em peregrinação, e baseado nisso, sugerir eventuais iniciativas pastorais para o futuro. Terá, portanto, caráter exclusivamente pastoral.

Está previsto que Monsenhor Hoser continuará a exercer o cargo de Arcebispo de Varsóvia-Praga até o próximo verão.”

O comunicado deixa pública a decisão do Santo Padre, Papa Francisco, de mandar a Medjugorje o seu enviado especial depois que em 17 de janeiro de 20164 a Comissão de Investigação, encarregada pelo Papa Bento XVI em 26 de março de 2010 e presidida pelo Cardeal Camillo Ruini para estudar os fatos relativos a Medjugorje, apresentou as suas conclusões para a Congregação para a Doutrina da Fé.

Sabemos desde o início que o Bispo diocesano de Mostar-Duvno, Monsenhor Pavao Zanič constituiu uma comissão diocesana cujos resultados e pareceres “pessoais” do Bispo (assim foi definido na época pelo Secretário para a Doutrina da fé Cardeal Tarcisio Bertone em 26 de maio de 1998) foi do constat de non supernaturalitate dos eventos em Medjugorje.

Em 1986 os estudos feitos dos acontecimentos em Medjugorje, a pedido da Congregação para a Doutrina da Fé, foi confiado à Conferência Episcopal Iugoslava, o qual por causa da guerra em 10 de abril de 1981 emite o comunicado segundo o qual: “Baseado nas pesquisas até aqui concluidas, não se pode afirmar que se trata de aparições e de fenômenos sobrenaturais”. Mas a mesma declaração deixava a porta aberta e recomendava cuidados pastorais dos fiéis para que se pudesse promover uma santa devoção à Bem-Aventurada Virgem Maria, em harmonia com os ensinamentos da Igreja: “Todavia, os numerosos peregrinos que chegam a Medjugorje trazidos pela fé e por outros motivos pedem a atenção e cuidados pastorais do Bispo da diocese, mas também dos outros bispos, a fim de que em Medjugorje possa ser encorajada uma devoção à Virgem Maria em harmonia com os ensinamentos da Igreja.”

As declarações da Conferência Episcopal de 1991 da ex-Iugoslávia era muito equilibrada, seja em deixar aberta a pesquisa sobre a veracidade teológica dos acontecimentos, seja na atenção prestada ao serviço pastoral a ser oferecido aos numerosos peregrinos que chegam em Medjugorje, seja por parte do Bispo local Monsenhor Zanič que nesse meio tempo foi sucedido em 24 de julho de 1993 pelo atual Monsenhor Ratko Perič. Um detalhe, esta última comissão já fazia ver o caráter ultra-diocesano do serviço pastoral em Medjugorje.

De fato, enquanto crescia o fenômeno Medjugorje como local onde o afluxo de peregrinos aumentava sempre mais, não foi tomado nenhum cuidado pastoral por parte da diocese local, nenhuma ajuda, nenhum discernimento Tudo acabou sendo confiado à boa vontade, à coragem e a intrepidez da Ordem Franciscana da Província da Bósnia-Herzegóvina, com a ajuda dos sacerdotes que vinham com os peregrinos.

O assunto foi levado à atenção do Papa Bento XVI, que em 13 de maio de 2009, o qual, sempre em paternal escuta de tudo o que acontecia em Medjugorje, seja como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (1986), seja como Papa, no outono do mesmo ano constituía uma comissão de Cardeais, Bispos, Teólogos e Peritos em diversas áreas humanas, a qual foi noticiada em 26 de março de 2010 para avaliar, sob a presidência do Cardeal Camillo Ruini, as investigações necessárias sobre a veracidade das aparições, videntes e fenômenos místicos, sempre objetos de observação, discernimento e solicitude da Mãe Igreja e Mestra.

Normalmente, é o Bispo diocesano a expressar o pronunciamento da Igreja, depois de ouvir a opinião de uma ou mais comissões, e depois de receber a aprovação da Congregação para a Doutrina da Fé. Um exemplo claro disso, foi a intervenção da Igreja de acordo com a prática comprovada, dada nas aparições da Mãe do Verbo em Kibeho em Ruanda, que começou no mesmo ano de Medjugorje, 1981 e foi reconhecida em 29 de junho de 2001.

A Comissão instituída pelo Papa Bento XVI, presidida pelo Cardeal Camillo Ruini, trabalhou de modo assíduo ocupando-se de todos os aspectos de Medjugorje, dogmáticos e pastorais, e entregou os seus resultados à Congregação para a Doutrina da Fé em 17 de janeiro de 2014. Sobre este assunto, durante um voo Sarajevo-Roma, em 6 de junho de 2015, Papa Francisco anunciava uma intervenção por parte da Santa Sé elogiando o bom trabalho da Comissão liderada pelo Cardeal Ruini.

Chegamos então ao comunicado da Secretaria de Estado do Vaticano em 11 de fevereiro de 2017.

Bela foi a data escolhida, que nos lembra a primeira aparição em Lourdes. O conteúdo da intervenção pontifícia diz respeito unicamente ao plano pastoral de Medjugorrje. Sabemos que a Comissão Vaticana de Investigação conduziu profundas investigações sobre a veracidade dos eventos místicos em Medjugorje, dos videntes, da fenomenologia das aparições, das mensagens, das pessoas, padres e leigos, de todos os envolvidos, levando em consideração o parecer científico das Comissões médicas que estudaram os fenômenos especialmente nos primeiros anos, em particular nos anos 80. O comunicado pontifício não diz nada dos resultados alcançados, mas deixa insinuar que foram feitas outras investigações posteriores à da Comissão Pontifícia. Portanto no comunicado do Vaticano não e acena nenhuma outra comissão e nenhuma outra investigação sobre o aspecto dogmático das aparições privadas em Medjugorje. A intervenção, ao contrário, entra em ressonância com um acontecimento que atrai multidões de peregrinos, não somente das regiões próximas, mas do mundo inteiro e de toda a Igreja do mundo, pela qual tantos Bispos do mundo se interessaram e vieram com as comunidades que lhes foram confiadas. Medjugorje é um lugar que desde o início se apresentou católico e internacional e, portanto, para utilizar os termos da Igreja, percebeu-se o caráter não-diocesano. Algo novo, que não aconteceu em grandes lugares de aparições, como Lourdes ou Fátima, os quais tornaram-se internacionais apenas com o passar do tempo.

Portanto no comunicado da Secretaria de Estado Vaticano se evidenciam os seguintes aspectos:

  1. Medjugorje é um acontecimento que, em si, nas suas manifestações pastorais, diz respeito à Igreja Universal e portanto interessa à pastoral de uma ótica universal.
  2. Se o comunicado é da Secretaria de Estado, o autor é o próprio Papa Francisco que toma a decisão de tomar o cuidado pelo serviço pastoral em Medjugorje. Isto nunca aconteceu antes em nenhum outro lugar de aparições !
  3. A intenção do Papa é adequar-se “às exigências dos fiéis que vão em peregrinação”. A Igreja é Mãe e Mestra e portanto manifesta um interesse particular ali onde o fluxo da Graça de Deus, por meio de Maria, produz frutos de conversão, de retorno à Deus, de resgate de vidas e de testemunhos cristãos em um momento em que a Igreja é atacada por um mundo que é sempre mais decaído e cai no esquecimento de Deus e no obscurecimento dos pontos fundamentais que sustentam a vida do homem e da sociedade. Ocupar-se de Medjugorje como lugar de peregrinação e não somente de oração comum, é obrigação direta do Papa (Bispo de Roma).
  4. O Papa age e intervém neste local que exige cuidados pastorais de tonalidade universal, através do seu “enviado especial”, o Arcebispo de Varsóvia-Praga, Monsenhor Henryk Hoser, religioso palotino. Não se diz nada sobre quanto tempo durará este envio, que pode assumir caráter permanente.

Por enquanto o Bispo Hoser, que aceitou bem essa tarefa do Papa, sem saber – como ele afirmou, as razões para esta decisão e o pedido Papal, levando-o até Medjugorje, ele será o encarregado.

==================================================================

miljenkosteko
O provincial franciscano frei Miljenko Steko lia o comunicado ao mesmo tempo em que ele era lido na Secretaria de Estado do Vaticano em 11 de fevereiro de 2017.

“Para adquirir mais conhecimento aprofundado da situação pastoral” da realidade de Medjugorje e “em particular as necessidades dos fiéis que vêm em peregrinação.”
O enviado especial terá não só para ver o que fazem os franciscanos que já estão em Medjugorje em serviço pastoral dos peregrinos desde o verão de 1981, mas também tem a tarefa de atender às necessidades dos milhares e milhares de peregrinos que ainda se reúnem hoje e cada vez mais nestes 35 anos. Evidentemente, os peregrinos vêm de todo o mundo, de modo que as necessidades dos peregrinos são requisitos que envolvem atenções linguísticas, culturais, líderes e agentes de pastoral prontos para atender pessoas de diferentes línguas, de diferentes credos, de diferentes origens sociais. Um enorme trabalho!
E “sugerir iniciativas pastorais para o futuro.”
Trata-se, nomeadamente, ajudar o Papa a fornecer planos pastorais para o dom que há Medjugorje para o futuro. NADA DE FALAR SOBRE O FIM DE MEDJUGORJE !!! Medjugorje é um dom inestimável mariano de graça para a Igreja universal, um chamado a evangelizar o mundo com o evangelho de Jesus Cristo.
A intervenção Papal através do seu enviado especial é apenas de natureza pastoral! Sua tarefa NÃO SERÁ a de continuar o discernimento sobre os videntes ou as mensagens, mas para testar e estudar planos pastorais para servir neste lugar de graça que é a Medjugorje internacionalmente. Esta intervenção Papal é o maior presente que se esperava do Papa!

Medjugorje, quantas vezes já foi dito, é uma presença, a presença de Maria, que chegou a dizer que Deus existe, e que, aparecendo uma das primeiras noites de 1981, com uma cruz preta na mão, disse: “Paz, paz paz, reconciliem-se !!! “. Medjugorje não é primariamente um santuário, mas uma paróquia que Nossa Senhora escolheu como o primeiro cenáculo de oração e conversão para a vida cristã, porque esta iniciativa irá, em seguida, expandir-se em todo o mundo.

A intervenção Papal que diz respeito exclusivamente com o plano pastoral, realmente toca a essência do fenômeno Medjugorje. Medjugorje é um retorno escola permanente de Deus em um mundo sem Deus. Tratar a internacionalidade da pastoral de Medjugorje significa tomar conta desta Escola Mariana do Evangelho, de conversão, de oração, de volta aos Sacramentos, da Eucaristia e da Reconciliação, na tradição autêntica da Igreja Católica e da recuperação de uma espiritualidade sadia comprovada por séculos de tradição católica.

O aspecto pastoral não pode deixar de levar em consideração as inúmeras experiências associativas de novas comunidades que cresceram nos primeiros anos como experiências de vida consagrada tendo como base as palavras-chave de espiritualidade e de pastoral de Medjugorje. O enviado do Papa é religioso, e também ocupou cargos nas áreas de organização da vida consagrada, como provincial, quando era missionário Palotino em Ruanda.

O cuidado pastoral, além do inventário interminável de milagres espirituais de conversão, até mesmo os milagres físicos relatados em continuidade em Medjugorje, o Bispo Hoser tem a seu favor uma especialização no campo da medicina.

O estilo do comunicado é simples, e, portanto, ainda mais forte, ao apresentar a intervenção papal que faz com que a Santa Sé e, em seguida, o Papa, seja o encarregado direto da pastoral de Medjugorje.

A missão do enviado especial do Papa Francisco deve dar frutos em um curto espaço de tempo ( “espera-se que ele Mgr. Hoser complete o seu mandato até o próximo verão”), para que a Santa Sé possa orientar o futuro de Medjugorje porque é um benefício espiritual aos fiéis peregrinos de todo o mundo. Em suma, um verdadeiro ato e uma verdadeira decisão Católica para o bem das almas.

Não se fez esperar a resposta de satisfação e uma plena cooperação por parte da província franciscana de Bósnia-Herzegovina. Enquanto em Roma, às 12 horas, no escritório de imprensa do Vaticano aconteceu a leiturado comunicado e a mesma foi lida ao mesmo tempo, a comunidade de frades de Medjugorje pelo ministro provincial, fr. Miljenko Steko. As boas-vindas pelos Franciscanos que, abnegadamente, servem a pastoral de Medjugorje era satisfação unânime como ele expressou em sua declaração o mesmo Provincial.

 


ESTATÍSTICAS

Ano Total de comunhões distribuídas Sacerdotes concelebrantes
2014 1.802.800 37.498
2015 1.800.400 38.870
2016 1.656.800 34.658
2017 (janeiro) 36.400 809

Traduzido do italiano por Gabriel Paulino – fundador do Portal Medjugorje Brasil – http://www.medjugorjebrasil.com.br

Matéria original: http://www.frammentidipace.it/la-chiesa-e-medugorje/#.WLlZ3Yo34DJ.facebook

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *